DA SEMENTE AO PRODUTO: GESTÃO POR PROCESSOS, QUALIDADE E RASTREABILIDADE NA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CANNABIS MEDICINAL BCY
DOI:
https://doi.org/10.24325/issn.2446-5763.v11i32p104-160Palavras-chave:
Gestão por Processos, Cannabis Medicinal, Controle de Qualidade, BPMN, RastreabilidadeResumo
Este artigo analisa como a gestão por processos pode ser aplicada às Associações de Cannabis Medicinal (ACMs) no Brasil, a fim de assegurar qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade produtiva em um cenário de ausência de regulamentação. A pesquisa, de caráter qualitativo, utiliza estudo de caso na Associação BCY, localizada no estado do Piauí, e complementa-se por uma análise nacional das ACMs. O trabalho demonstra que essas associações, que operam em moldes semelhantes aos Cannabis Social Clubs (CSCs) europeus e latino-americanos, assumem funções que, em tese, seriam do Estado, tanto na produção quanto no fornecimento de derivados de cannabis. Os resultados mostram que a gestão por processos permite avanços operacionais expressivos, como a redução do descarte de lotes de 12% para 5%, eliminação dos erros nas etapas de extração e redução do tempo de produção de 30 para 21 dias. Paralelamente, a análise econômica revela que as 118 ACMs mapeadas geram um faturamento anual superior a R$ 106 milhões e demandam mais de 5,31 toneladas de flores secas, configurando uma cadeia produtiva robusta, porém não formalizada. Conclui-se que, embora operem sob insegurança jurídica, as ACMs brasileiras são financeiramente sustentáveis, sanitariamente seguras e socialmente indispensáveis. A adoção de gestão por processos, aliada a práticas de controle laboratorial e rastreabilidade, consolida-se como caminho essencial para assegurar padrões de qualidade e sustentabilidade, reforçando a necessidade urgente de um marco regulatório específico para o setor.
Palavras-chave: Gestão por Processos. Cannabis Medicinal. Controle de Qualidade. BPMN. Rastreabilidade.
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